Jaú, 24 de janeiro de 2010
Prezada
Senhora Dona Lydia
Querida esposa
Hoje, dia 24 de janeiro,
estamos completando cinqüenta anos de casados. São cinqüenta anos de convivência fraterna,
(às vezes nem tanto por minha culpa) nos quais pudemos realizar alguns de
nossos sonhos, ter nossos filhos, nossos netos e poder ajudar a eles até
materialmente que sempre foi meu desejo. Trabalhar, galgar postos mais altos
possíveis, com melhores ganhos, para poder ajudar na hora em que eles
precisassem. E você é testemunha de que fizemos o máximo por eles. Não é o caso
de se dizer aqui o quanto fizemos. O que importa para nós é o que foi feito. E
quanto lutamos. Juntos. Com muitos e muitos acertos e também alguns tropeções
pelo caminho. Com muitos erros e muito recomeço. Mas como é bom lembrar as boas
e grandes emoções que sentimos pelo caminho. O primeiro grande momento de
emoção foi nosso casamento com a presença de três padres no altar oficiando a
cerimônia. Jamais vi um casamento com tanta gala. Infelizmente não temos as
fotos. A segunda grande emoção foi o nascimento do primeiro filho, embora os
momentos de aflição que você passou, ficando no hospital por quase um mês. O
nascimento da Lúcia foi outro momento de grandioso contentamento. Os momentos
de alegrias com suas formaturas no primário e na Academia. O casamento da
Lúcia, tão novinha, e depois a espera por dois anos pelo Roberto primeiro neto,
depois a Lidiane e o Rodrigo. Grandes
momentos de alegria. E depois, recentemente, grande momento de dor tivemos que
passar pelo falecimento da Lúcia. Aqui você demonstrou uma força imensurável.
E, quanta dedicação de você para criar os filhos e os netos. Especialmente os
filhos. Só quem conviveu com você para saber o que foi sua vida de dedicação à
família. Eu diria até que não foi uma dedicação, foi uma devoção. Quanto desvelo e carinho você dedicou a eles. Você é uma
mulher forte, abençoada por Deus. Igual a você talvez tenha alguma mulher no
mundo, mas melhor que você só a Mãe de Cristo.
Vejo em mim muitos defeitos (alguns incorrigíveis,
cavalo velho não pega andadura), mas tenho me esforçado para ser o melhor
possível. Talvez não tenha te dado tudo
o que você merecesse. Mas me esforcei, especialmente no campo material. Você
sabe o quanto me dediquei para proporcionar á minha família tudo de bom.
Algumas coisas poderiam ser feitas de outro modo. Outras nem precisariam ser
feitas. Outras poderiam ser feitas e não foram. Enfim, se passaram cinqüenta
anos, de muitas lutas, muito trabalho. Fomos e somos felizes comemorando ao
nosso modo: dedicando-nos á nossa família.
Que Deus nos abençoe e nos dê vida longa.
Obrigado.
Geraldo
Jaú, 24 de janeiro de 2010.