sábado, 16 de novembro de 2013

            Jaú, 24 de janeiro de 2010


Prezada Senhora Dona Lydia

Querida esposa

Hoje, dia 24 de janeiro, estamos completando cinqüenta anos de casados. São cinqüenta anos de convivência fraterna, (às vezes nem tanto por minha culpa) nos quais pudemos realizar alguns de nossos sonhos, ter nossos filhos, nossos netos e poder ajudar a eles até materialmente que sempre foi meu desejo. Trabalhar, galgar postos mais altos possíveis, com melhores ganhos, para poder ajudar na hora em que eles precisassem. E você é testemunha de que fizemos o máximo por eles. Não é o caso de se dizer aqui o quanto fizemos. O que importa para nós é o que foi feito. E quanto lutamos. Juntos. Com muitos e muitos acertos e também alguns tropeções pelo caminho. Com muitos erros e muito recomeço. Mas como é bom lembrar as boas e grandes emoções que sentimos pelo caminho. O primeiro grande momento de emoção foi nosso casamento com a presença de três padres no altar oficiando a cerimônia. Jamais vi um casamento com tanta gala. Infelizmente não temos as fotos. A segunda grande emoção foi o nascimento do primeiro filho, embora os momentos de aflição que você passou, ficando no hospital por quase um mês. O nascimento da Lúcia foi outro momento de grandioso contentamento. Os momentos de alegrias com suas formaturas no primário e na Academia. O casamento da Lúcia, tão novinha, e depois a espera por dois anos pelo Roberto primeiro neto, depois a Lidiane e o Rodrigo.  Grandes momentos de alegria. E depois, recentemente, grande momento de dor tivemos que passar pelo falecimento da Lúcia. Aqui você demonstrou uma força imensurável. E, quanta dedicação de você para criar os filhos e os netos. Especialmente os filhos. Só quem conviveu com você para saber o que foi sua vida de dedicação à família. Eu diria até que não foi uma dedicação, foi uma devoção. Quanto desvelo e carinho você dedicou a eles. Você é uma mulher forte, abençoada por Deus. Igual a você talvez tenha alguma mulher no mundo, mas melhor que você só a Mãe de Cristo.

Vejo em mim muitos defeitos (alguns incorrigíveis, cavalo velho não pega andadura), mas tenho me esforçado para ser o melhor possível. Talvez  não tenha te dado tudo o que você merecesse. Mas me esforcei, especialmente no campo material. Você sabe o quanto me dediquei para proporcionar á minha família tudo de bom. Algumas coisas poderiam ser feitas de outro modo. Outras nem precisariam ser feitas. Outras poderiam ser feitas e não foram. Enfim, se passaram cinqüenta anos, de muitas lutas, muito trabalho. Fomos e somos felizes comemorando ao nosso modo: dedicando-nos á nossa família.
Que Deus nos abençoe e nos dê vida longa.
Obrigado.

Geraldo


Jaú, 24 de janeiro de 2010.